6.12.11

Fumando cigarros com a Tina Thunder como Bob Dylan em 66 - AUTOROCK

Por: Rafael Martins rafaelmartins54@terra.com.br

Desde a semana passada o festival Autorock vem agitando a cena underground de Campinas. Os shows de hoje acontecem no Bar do Zé a partir das 22h com A Atmosfera Lunar de Franca e Tina Thunder de Sorocaba.
Constrói e Destrói trocou uma “ideia” rápida com a banda sorocabana que já lançou a demo Open e o Ep Kiss My Bacon e preparam algumas novidades para o carnaval de 2012.  Tina Thunder ainda falou da relação entre os integrantes e de como a vida pessoal de cada um pode influenciar nas músicas.
foto: Festival Gaia

Rafael Martins - O Tina Thunder é uma junção de duas bandas importantes da cena de Sorocaba: The Fortunetellers e The Glen, sem contar Monstruário e The Modern Revival. O que estas experiências contribuem para banda hoje?
Tina Thunder - Estamos aprendendo, acho que estamos cada vez mais próximos de tirar o som desejado do instrumento, e como cada um já tocou com os outros 4 em outras bandas, a sintonia e a confiança é maior, hoje já sabemos quais piadas e brincadeiras de mau gosto agradam a cada um.

RM - A banda tem feito muitos shows nos últimos meses, a que se deve isto? E como vocês trabalham a divulgação?
TT - Na sua pergunta já tem a resposta: Divulgação. Quando começamos com a banda já tinhamos uma meta, gravar e lançar um primeiro trabalho antes de qualquer coisa, e divulgá-lo. A demo “Open” foi lançada dias antes de nosso debut, e começamos a trabalhar as redes sociais e algumas plataformas musicais que julgamos de grande valia para música independente (Toque no Brasil Trama Virtual, etc).
99,9% da nossa divulgação é via web.

RM - Como é o processo de composição? E quais são as inspirações para as letras e músicas?
TT - Os Riffs, a melodia, toda a parte estrutural da musica vem das jam sessions de criação que costumamos gravar. Na jam tudo é livre, um puxa o outro, o vocal nasce no “embromation”, não existe regra.
Tina Thunder busca a desconstrução (que não tem nada a ver com anarquia musical), ou seja, não queremos seguir o óbvio. Todas as musicas que fazemos sempre continuarão em aberto, de repente tudo pode mudar se uma idéia melhor surgir, um novo efeito de pedal aparacer, e por aí vai.
Claro que depois de satisfeitos em virar a musica de cabeça para baixo umas duas vezes ela toma forma e a letra, enquanto isto, já esta sendo composta. As letras vem de inspirações que a própria melodia da música pode remeter nas nossas mentes. Ai o que rola é o cruzamento desta “imagem musical” com as nossas influencias pessoais, muito das nossas preferencias de literatura e cinema com certeza influenciam a composição das letras.
Podem acabar virando uma homenagem romantica ao black power como em “I Wanna be Black”. Retratar um personagem como em “Are you crazy Tony?”. As relações de poder usando metáforas como em “Kaiser Monkeys”. Ou até o lado mais obscuro e viceral de cada um como em “Harda Hard”. O fato é, não há temática, tudo pode virar poesia.

RM - Como foi gravar do Ep Kiss My Bacon e o que esperam dele?
TT - Gravamos o instrumental ao vivo em um dia e o vocal em outro, contando com a colaboração do amigo Peu Ribeiro (INI/Rasgada Coletiva/Mustachi Estudio) na produção. Ficamos muito satisfeitos com o resultado, eu acho que registrou bem o 'momentum'.
Eu tenho terror de estudio, mas foi bem divertido, fizemos no Ponto Sonnoro, estudio do nosso baterista-caminhoneiro, então estavamos em casa, achei ótima a idéia de fazer ao vivo, um empurrando o outro, acho que facilita haha.
Não alimentamos grandes expectativas, sabemos que temos boas músicas e queremos lógico que o máximo de pessoas sejam atingidas, toda banda existe pra ser ouvida, e pra nossa sorte a galera tem gostado, temos recebido comentarios positivos e convites pra tocar em novos lugares, e festivais massa.
Tem sido ótimo, e já estamos pensando no próximo, não sei se vai ser um single ou EP, se vai ter participação de camaradas, se vamos fazer ao vivo novamente ou não, mas até o Carnaval devemos ter novidades.
RM - Hoje gravar um disco está mais acessível, porém, viver da própria música parece mais difícil. Vocês concordam com isto? E como enxergam o mercado fonográfico atual?
TT - Sim, tem muita coisa que está mais fácil atualmente. Pode-se gravar um disco todo dentro de um quarto e segundos depois lançar mundialmente seu trabalho, através da web, anos atrás só gravava quem tinha contrato com gravadora.
Viver da música atualmente é mais fácil, por mais paradoxal que possa soar, muito inclusive em virtude da facilidade de se produzir/escoar seu trabalho. Com planejamento e articulação uma banda independente consegue manter uma agenda de shows regular, shows onde se vendem CDs, camisetas, adesivos e tudo mais que possa gerar recursos para gerir a estrutura toda. Essa realidade inclusive extrapolou o modelo das “Majors” onde os shows passaram a ser a maior fonte de rendimentos para o artista em detrimento à venda de CD.
Hoje em dia basicamente o que diferencia major/independente é a grana.

RM - Como dito a cima vocês estão a um bom tempo “nessa de tocar em banda”, o que os motivam a insistir nisto?
TT - A cerveja dos ensaios.

RM - O que vocês esperam do AutoRock?
TT - Encontrar amigos, conhecer outros, beber um tanto e fumar cigarros como Bob Dylan em 66.

RM - Qual a importância de um festival independente como o Autorock?
TT - Acho que o principal é que estar no line up de um festival como o Autorock dá uma certa visibilidade e acaba por incentivar pessoas a conhecer a banda, mesmo aquelas que não possam estar presentes.

 baixe o album "kiss my bacon" direto da Tramavirtual

Entrevista com Renan Ruiz d'A Atmosfera Lunar - AUTOROCK

O power trio faz show no Bar do Zé hoje à noite com o Tina Thunder no Festival AUTOROCK em Campinas e aproveitei pra falar com o Renan Ruiz, que é baterista da ATM, onde conta sobre a banda e a  vida nessa estrada underground difícil e ingrata, sem letras,  mas que se garante no som. E isso é o que interessa.



RM. - Quando a banda começou e como vocês se conheceram?
Renan - Renan Ruiz (bateria), Diego Ferrari (baixo), Octavio Salles (guitarra). Nos conhecemos porquê todos saimos das nossas cidades e viemos morar em Franca, pra fazer faculdade em 2009 (História e Relações Internacionais). Eu nao conhecia os caras, e sempre até pensava em voltar pra Sorocaba (da onde eu vim) no meu primeiro semestre em Franca. Sabe como é, quando você sai de um lugar onde viveu a vida inteira e vai pra um totalmente desconhecido - e ainda se decepciona em um primeiro momento - fica pesado. Os meninos Esses caras  tinham uma banda de cover, e um dia fui numa festa onde ia tocar uns rock cover clássico. Isso (de tocar uma banda de rock, mesmo que cover) NUNCA acontece na faculdade. Todas as festas só tocam axé, sertanejo universitário, funk carioca, etc, nao tô falando de preconceitos, tô falando que não tem o minimo de diversidade cultural nos estudantes da faculdade de Franca. Acabamos conversando e fumando um cigarro :)  e isso foi se tornando cada vez mais rotina, até que eu fui morar com eles. 

A banda virou banda no segundo semestre de 2010, la por outubro, novembro. Eu havia deixado o ainda não extinto Madeleine K, de Sorocaba, e estava gravando umas linhas de guitarra direto no computador(detalhe: Eu não sei tocar guitarra), e eu tocava bateria ouvindo as linhas pra tocar com algum outro instrumento junto. hahahaha. Também tinha umas linhas de bateria que eu fiz que imaginava as linhas de guitarra pra essas músicas, por isso também comecei a gravar no pc. Eu tava na fissura de tocar e convidei os meninos um dia pra fazer umas jan sessions em - casa sem compromissos - e foi assim que começou. Eles iam em casa(morava sozinho), levavam os amplificadores e agente tocava o que vinha na cabeça na hora. E foi assim por muito tempo, demorou bastante até agente pegar e falar 'vamos fazer as passagens, tocar junto mesmo, tem um nome e etc". Nao lembro direito quando começaram as janss sessions, mas acho que foi no final do primeiro semestre de 2009. A banda virou banda só  em outubro, novembro de 2010, quando já amadurecidos, resolvemos unir as mil passagens que agente lembrava e começamos a compor mais como banda também. 



RM - A banda começou compondo instrumental ou já houveram vocais um dia? Alguma razão especial para seguirem apenas instrumental?
Renan - Nunca houve uma pré-disposição pensada de nenhum de nós a favor do instrumental. Como a banda surgiu de jans sessions, eles levavam as coisas e agente tocava. Quero dizer: se aparecesse alguém pra cantar, gritar, berrar, fazer qualquer coisa no microfone, seria bem loco também.  O x da questão é que depois de um tempo, preferimos ficar sem vocal, pra expressar as coisas que agente sente sem as palavras, necessariamente, o poder da música por ser música. 



RM - Quais as influências convergentes e divergentes da banda?
Renan - Convergentes: os clássicos do Rock, que nao tem como discutir né? ACDC, Doors, Led Zeplin, Black Sabath, Rolling Stones, essas coisas. Jazz também. Nirvana.
Conhecemos juntos e passamos a gostar de muitas bandas instrumentais:  and so i watch you from afar, toe, tortoise, weights and measures, you slut, os caras do Labirinto. etc.

Divergentes:
O diego e Octavio gostam de muita coisa, até demais pro minha humilde ortodoxia  ahahah.  Eles ouvem Emerson Lake and Palmer, Frank Zappa, e agente sempre briga nas viagens e turnês.  Eu gosto mais de coisas com distorção, barulhere, noizera do mal.  Queens of the stone age, The Mars Volta, The subways, Shellac, sei la. Mas pro rock tradicional mesmo guitarra baixo e batera fazendo as coisas mais estranhas que conseguir. Tenho ouvido várias bandas instrumentais também, mas isso eles gostam.


RM - O que está faltando para os produtores de shows, agitadores culturais, bandas e coletivos serem reconhecidos pelas secretarias de cultura das cidades e obter o espaço (praças, eventos com pelo menos apoio de palco e som) que eles merecem?
Renan - É muito tenso dizer o que falta no trabalho dos outros. A primeira coisa que eu acho é que é díficil homogeinizar as ações.  Quero dizer, Sorocaba é uma coisa, Franca é outra, e as cidades nao são iguais, as pessoas nao são iguais, e o processo de formação delas nao foi igual. Não tem como criar um método, uma maneira, um jeito, aplicável a todas as cidades e pronto. O ponto em comum, é que no geral, a mentalidade da população brasileira ainda está enraizada na cultura como algo erudito. E além disso a música autoral ainda perde pra cover em quantidade de gente interessada. Infelizmente. Então, eu acredito que toda e qualquer ação de cunho artístico a ser oferecido pras pessoas de qualquer cidade é fundamental no processo de formação da opinião das pessoas, sobre a percepção desse mundo torto ao nosso redor.


RM - As músicas que estão na Tramavirtual foram gravadas onde e de que forma? Vai sair coisa nova por agora?
Renan - As músicas foram gravadas no estúdio Mustachi do Peu Ribeiro, baixista da INI. Agente é bem amigo e  nao é por isso que eu digo: ele é um produtor foda. Entao, eu quis levar os meninos pra Sorocaba pra gravar com ele, pela qualidade, e também pelo rolezão que acontece bonito por lá graças ao rasgada coletiva.

Sim vai sair coisa nova por agora. No primeiro semestre 2012 pretendemos lançar o segundo disco. Já estamos alternando entre a pré-produção  do disco novo e a gravação do saxofones pras 6 músicas do primeiro EP. Tivemos um amigo em 2011 que tocou sax durante o ano e que agora vai seguir outro rumo. Tocar conosco só as vezes. Mas pra estúdio, as músicas terão esse instrumento e estamos terminado de gravar das musicas antigas e logo em seguida ja preparar o segundo disco.


RM - O futuro?
Renan - Gravações e  o lançamento do disco. Os meninos vão pra Europa em fevereiro e voltam em julho, antes disso vamos gravar, qdo eles estiverem por la, vamos agilizar mixagem, produção divulgação pra lançar no primeiro semestre na net e depois fazer uma turne qdo eles voltarem.

4.12.11

Criolo dando uma lição de respeito à (nada mais nada menos que) Clemente, dos Inocentes


Por Élio Farias / Equipe Homorrealidade

Durante sua apresentação para o “ShowLivre”, transmitido pela UOL, Criolo ouviu o apresentador Clemente Nascimento dizer que havia um comentário “sacaneando” ele entre as perguntas dos internautas. Dizia o tal comentário: “Ele não parece o Freddie Mercury, só que com barba!?”. Risos no estúdio... Criolo também sorri e comenta: “Pô, legal! Pô, muito bom! É um ícone, um baita artista!”.

Os risos continuam. Criolo vira-se para compreender as reações e parece entender o deboche, certamente pelo fato de estar sendo comparado com um artista homossexual. Mas ele não se deixa levar: “Eu não entendo... Tá tudo bem pra mim. Se eu for 10% do que esse cara já foi artista no mundo, já tá bom pra caramba”, valoriza.
O apresentador segue perguntando quem são as influências musicais do cantor. Criolo responde: “Pode ser o Freddie também...”. O apresentador ri. Criolo então atiça: “Freddie, Ney Mato Grosso.... São ícones e estão acima de outras coisas que as pessoas falam!”, flecha sutilmente.

O apresentador não entende a indireta e ainda vira-se para a câmera tentando traduzir a afirmação do artista. “As coisas que ele está falando é que esses caras são ‘boiolas’ e ele não é ‘boiola’, entendeu!?”, vomita Clemente, achando graça. Outros também riem.
Criolo toma a questão para si e dá o exemplo, elegante como sempre: “Já que você tocou nesse termo, eu respeito todas as opções (sic) das pessoas. Não vou rir. Até parece que é defeito um cara ser homossexual. Eu não sou homossexual, mas jamais vou usar como chacota esse tema”, pontua.

O apresentador tenta mudar o assunto, envolve a questão do negro, tenta fazer outras gracinhas. Mas Criolo retoma sua opinião mais à frente: “A gente tem que ter a humildade de saber que pode aprender com todas as pessoas (...) Acho que esse lance da humildade e de respeitar a opinião da outra pessoa já é um bom começo!”, finalizou.

Clique no link e leia a ótima matéria na íntegra e o vídeo no Blog Homorrealidade

2.12.11

Abertura do Festival AUTOROCK 2011 - Loja Disorder - 01/12/2011

Está dada a largada para os 10 dias de rock em Campinas!
foto: Renato Amadeu do Carmo (clique na foto para ver expandido)
    Ontem na loja disorder foi o início das atividades do festival, e quem se atreveu a sair com a chuvinha que caía, pôde curtir um momento agradável os amigos e bandas locais e de outras cidades, ver Violentures ao vivo, acompanhar uma oficina de silk-screen, além da exposição “Peitas e Pranchas” – Uma coleção bem legal de pranchas de skate novas e velhas com desenhos, além das camisetas de amigos aqui de Campinas que guardaram até hoje as lendárias peitas da galera da Campinas pós-90. Das escassas semi-novas no meio das surradas, e com tamanhos inacreditáveis,  desde a época do Juntatribo (92) até os dias de hoje. Ótimo acervo!

SNH na sala do Silk-Screen, fez seu trampo de silk pra todo mundo se ligar como qualquer um pode fazer a parada com poucos equipamentos.


foto: Renato Amadeu do Carmo (clique na foto para ver expandido)

Os Violentures anunciaram um show acústico, mas pra mim tava tudo ligado e plugado ali, só o baterista que tava pegando leve pra não dar zica com a vizinhança. Pela janela de vidro dava para acompanhar os shows pela calçada e muita gente que estava só de passagem entrou, enquanto caía uma chuvinha chata.
  foto: Rái Mein (clique na foto para ver expandido)
Banda experiente e respeitada no cenario nacional, desde que botaram a cara no Festival Claro que é Rock que rolou aqui em Campinas com atrações internacionais e tudo. Os caras são macaco véio.
 foto: Renato Amadeu do Carmo (clique na foto para ver expandido)
Tocaram músicas próprias e covers 60's sensacionaiscom direito à "Pipeline", o clássico primeiramente gravado pelo The Chantays, e depois Dick Dale, Johnny Thunders e outros, ouvimos ali na nossa frente, perfeito e sensacional. O o povo se amontoando na porta entre o corredor e a sala onde os caras se apresentavam é a prova que é muito legal a idéia de fazer pocket-shows na Loja Disorder.

A festa seguiu para o Bar do Zé, onde apresentaram-se Get Crazy(Campinas) e Merda(RJ)
Uma entrevista legal com o Merda pode ser apreciada no Blog Café Insônia, que deverá soltar matéria de como foi essa quinta-feira no Bar do Zé.

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e  hoje(02/dez) vai rolar
22:00h – Riva Rock apresenta:
Paulo Gazela Blues Band – Campinas/SP – Lançamento do CD “Singin’ Good Old Songs With Good Old Friends”.
Local: O Bar do Zé – Av. Albino JB de Oliveira, 1325 – Barão Geraldo
(Entrada: r$13,00)