6.12.11

Entrevista com Renan Ruiz d'A Atmosfera Lunar - AUTOROCK

O power trio faz show no Bar do Zé hoje à noite com o Tina Thunder no Festival AUTOROCK em Campinas e aproveitei pra falar com o Renan Ruiz, que é baterista da ATM, onde conta sobre a banda e a  vida nessa estrada underground difícil e ingrata, sem letras,  mas que se garante no som. E isso é o que interessa.



RM. - Quando a banda começou e como vocês se conheceram?
Renan - Renan Ruiz (bateria), Diego Ferrari (baixo), Octavio Salles (guitarra). Nos conhecemos porquê todos saimos das nossas cidades e viemos morar em Franca, pra fazer faculdade em 2009 (História e Relações Internacionais). Eu nao conhecia os caras, e sempre até pensava em voltar pra Sorocaba (da onde eu vim) no meu primeiro semestre em Franca. Sabe como é, quando você sai de um lugar onde viveu a vida inteira e vai pra um totalmente desconhecido - e ainda se decepciona em um primeiro momento - fica pesado. Os meninos Esses caras  tinham uma banda de cover, e um dia fui numa festa onde ia tocar uns rock cover clássico. Isso (de tocar uma banda de rock, mesmo que cover) NUNCA acontece na faculdade. Todas as festas só tocam axé, sertanejo universitário, funk carioca, etc, nao tô falando de preconceitos, tô falando que não tem o minimo de diversidade cultural nos estudantes da faculdade de Franca. Acabamos conversando e fumando um cigarro :)  e isso foi se tornando cada vez mais rotina, até que eu fui morar com eles. 

A banda virou banda no segundo semestre de 2010, la por outubro, novembro. Eu havia deixado o ainda não extinto Madeleine K, de Sorocaba, e estava gravando umas linhas de guitarra direto no computador(detalhe: Eu não sei tocar guitarra), e eu tocava bateria ouvindo as linhas pra tocar com algum outro instrumento junto. hahahaha. Também tinha umas linhas de bateria que eu fiz que imaginava as linhas de guitarra pra essas músicas, por isso também comecei a gravar no pc. Eu tava na fissura de tocar e convidei os meninos um dia pra fazer umas jan sessions em - casa sem compromissos - e foi assim que começou. Eles iam em casa(morava sozinho), levavam os amplificadores e agente tocava o que vinha na cabeça na hora. E foi assim por muito tempo, demorou bastante até agente pegar e falar 'vamos fazer as passagens, tocar junto mesmo, tem um nome e etc". Nao lembro direito quando começaram as janss sessions, mas acho que foi no final do primeiro semestre de 2009. A banda virou banda só  em outubro, novembro de 2010, quando já amadurecidos, resolvemos unir as mil passagens que agente lembrava e começamos a compor mais como banda também. 



RM - A banda começou compondo instrumental ou já houveram vocais um dia? Alguma razão especial para seguirem apenas instrumental?
Renan - Nunca houve uma pré-disposição pensada de nenhum de nós a favor do instrumental. Como a banda surgiu de jans sessions, eles levavam as coisas e agente tocava. Quero dizer: se aparecesse alguém pra cantar, gritar, berrar, fazer qualquer coisa no microfone, seria bem loco também.  O x da questão é que depois de um tempo, preferimos ficar sem vocal, pra expressar as coisas que agente sente sem as palavras, necessariamente, o poder da música por ser música. 



RM - Quais as influências convergentes e divergentes da banda?
Renan - Convergentes: os clássicos do Rock, que nao tem como discutir né? ACDC, Doors, Led Zeplin, Black Sabath, Rolling Stones, essas coisas. Jazz também. Nirvana.
Conhecemos juntos e passamos a gostar de muitas bandas instrumentais:  and so i watch you from afar, toe, tortoise, weights and measures, you slut, os caras do Labirinto. etc.

Divergentes:
O diego e Octavio gostam de muita coisa, até demais pro minha humilde ortodoxia  ahahah.  Eles ouvem Emerson Lake and Palmer, Frank Zappa, e agente sempre briga nas viagens e turnês.  Eu gosto mais de coisas com distorção, barulhere, noizera do mal.  Queens of the stone age, The Mars Volta, The subways, Shellac, sei la. Mas pro rock tradicional mesmo guitarra baixo e batera fazendo as coisas mais estranhas que conseguir. Tenho ouvido várias bandas instrumentais também, mas isso eles gostam.


RM - O que está faltando para os produtores de shows, agitadores culturais, bandas e coletivos serem reconhecidos pelas secretarias de cultura das cidades e obter o espaço (praças, eventos com pelo menos apoio de palco e som) que eles merecem?
Renan - É muito tenso dizer o que falta no trabalho dos outros. A primeira coisa que eu acho é que é díficil homogeinizar as ações.  Quero dizer, Sorocaba é uma coisa, Franca é outra, e as cidades nao são iguais, as pessoas nao são iguais, e o processo de formação delas nao foi igual. Não tem como criar um método, uma maneira, um jeito, aplicável a todas as cidades e pronto. O ponto em comum, é que no geral, a mentalidade da população brasileira ainda está enraizada na cultura como algo erudito. E além disso a música autoral ainda perde pra cover em quantidade de gente interessada. Infelizmente. Então, eu acredito que toda e qualquer ação de cunho artístico a ser oferecido pras pessoas de qualquer cidade é fundamental no processo de formação da opinião das pessoas, sobre a percepção desse mundo torto ao nosso redor.


RM - As músicas que estão na Tramavirtual foram gravadas onde e de que forma? Vai sair coisa nova por agora?
Renan - As músicas foram gravadas no estúdio Mustachi do Peu Ribeiro, baixista da INI. Agente é bem amigo e  nao é por isso que eu digo: ele é um produtor foda. Entao, eu quis levar os meninos pra Sorocaba pra gravar com ele, pela qualidade, e também pelo rolezão que acontece bonito por lá graças ao rasgada coletiva.

Sim vai sair coisa nova por agora. No primeiro semestre 2012 pretendemos lançar o segundo disco. Já estamos alternando entre a pré-produção  do disco novo e a gravação do saxofones pras 6 músicas do primeiro EP. Tivemos um amigo em 2011 que tocou sax durante o ano e que agora vai seguir outro rumo. Tocar conosco só as vezes. Mas pra estúdio, as músicas terão esse instrumento e estamos terminado de gravar das musicas antigas e logo em seguida ja preparar o segundo disco.


RM - O futuro?
Renan - Gravações e  o lançamento do disco. Os meninos vão pra Europa em fevereiro e voltam em julho, antes disso vamos gravar, qdo eles estiverem por la, vamos agilizar mixagem, produção divulgação pra lançar no primeiro semestre na net e depois fazer uma turne qdo eles voltarem.

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