Lo-Fi está em alta

Dicionário: Lo-fi é um estilo de produção musical que usa técnicas de gravação de baixa fidelidade (low fidelity). Sua aplicação normalmente é causada por limitações financeiras do artista. No início, muitos artistas usavam gravadores baratos de fita cassete para registrar suas músicas. Com o advento da tecnologia o uso de computadores caseiros e gravadores digitais se tornaram o meio mais popular para a realização dessas produções. O termo foi cunhado por um DJ que dedicou meia hora de seu programa numa rádio para gravações caseiras ao longo do final da década de 1980 sob o nome Lo-fi.
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O Lo-Fi não é nem de longe o ideal de gravação comercial, além de ser o horror dos donos de estúdio. Mas nunca esteve tanto em alta. Além dele, a busca pelos equipamentos, timbres e sintetizadores ditos "ultrapassados" estão cada vez mais em voga, se não uma obcessão.
Já escutaram o album novo do Gorillaz? Pois é... a corrida atrás dos analógicos e da sonoridade retrô foi o elemento principal para os caras se reinventarem.

  Gorillaz: "vá de retrô"

Esse tipo de sonoridade, principalmente para os trintões de plantão (como é o meu caso), inevitavelmente remete aos nossos próprios primórdios, pois quando começaram a tomar gosto pela musica, foram esses beats, timbres e sonoridades que gravaram no nosso cérebro. Involuntariamente familiar.
A galera continua sem grana, mas continua dando seus pulos como na época do gravador de fita k-7 e dos porta-estúdios, porém, antigamente nem todo mundo tinha um porta estúdio tão acessível, interessante e cheios de recursos como o computador se tornou hoje em dia.

Nos dias de hoje exige-se boa qualidade de gravação pra quem quer se arriscar no mundo das bandas e das gravadoras, mas... inferiorizar as bandas com o advento do lo-fi, pode ser um tiro no pé. Quem sabe não estejam se dando o trabalho de notar o que está passando desapercebido bem debaixo de seus narizes.
Nem todo trabalho bem gravado é bom e banda boa continua não tendo receita.

Na realidade, hoje em dia o termo pode soar apropriado para designar um estilo bem relax, desencanado e às vezes até introspectivo, como foi o caso do Blur no album "13" de 1999, onde fizeram um album inteirinho, propositalmente Lo-Fi. Provavelmente é Jason Albarn que curte sujar a parada de vez em quando.

 Blur: de própósito?

Viram que saiu uma puta coletânea Low-Fi de todas as bandas de alto e bom som (sujo) de Recife, o "Recife Lo-Fi"

baixe aqui: http://bit.ly/9Iasj2

Então... Sujo ou limpo... bem ou mal gravado...gravações ao vivo audíveis... tudo é possível quando se tem algo realmente vigoroso a se mostrar, então, no enrola.
Se tem algo a dizer, e não tem contatos ou rios de dinheiro pra gravar, simplesmente "faça você mesmo".

Não entendeu ainda? Escuta os primeiros albuns e ep's dos gringos: Portishead, Low, MyBloody Valentine, Sisters of Mercy pra você ver... Eu poderia ficar até meia noite escrevendo nome de bandas dessa linha, mas vai você fazer sua lição de casa, caralho.
Num dos primeiros albuns dos nacionais Thee Butchers' Orchestra, tipo o "deluxe 2000" [1999], que foi o primeiro momento em que usufruíram os recursos de um estúdio, podemos perceber que o não se desgrudaram do lo-fi só porque tinham um estúdio bom pra gravar. o DNA está ali.

 Thee Butchers'Orchestra - numa banda foda dessas, alguém ficou falando de Lo-Fi? Ninguém ousou!

Lo-fi é quase um estilo de vida pra algumas bandas, como por exemplo os garageiros 60's, que adoram gravar sujo mesmo, propositalmente, como é o caso dos Fuzzfaces, onde o lo-fi só incrementa ainda mais a sonoridade desejada.

 Fuzzfaces: aqui, Lo-Fi é uma ordem!

Então se sua musica é boa, se você tem algo a dizer (mas falta uma grana), saiba que o lo-fi  de hoje pode ser o Hi-Fi de amanhã!